Durante a Missa de hoje, ao ouvir o Evangelho, aconteceu-me o que estou certo vos virá a acontecer depois da experiência de Peregrinar na Terra Santa.
Visitaremos este Lugar, bem determinado no texto de S. Lucas: o Lago de Genesaré, um dos nomes porque é conhecido o Lago de Tiberíades ou Mar da Galileia.
Ali faremos memória deste e de outros episódios da vida de Jesus. Seremos como "figurantes" de um filme conhecido, integrados num cenário real.
Não se vão esquecer, nunca mais.
Tempo Comum – XXII
Semana – Quinta-feira
7 Setembro 2017
Evangelho: Lucas 5, 1-11
Naquele tempo,
encontrando-se junto
do lago de Genesaré,
e comprimindo-se à
volta dele a multidão
para escutar a
palavra de Deus,
Jesus viu dois barcos
que se encontravam junto do lago.
Os pescadores tinham
descido deles e lavavam as redes.
Entrou num dos
barcos, que era de Simão,
pediu-lhe que se
afastasse um pouco da terra e,
sentando-se, dali se
pôs a ensinar a multidão.
Quando acabou de
falar, disse a Simão:
«Faz-te ao largo; e
vós, lançai as redes para a pesca.»
Simão respondeu:
«Mestre, trabalhámos
durante toda a noite
e nada apanhámos;
mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes.»
Assim fizeram e
apanharam uma grande quantidade de peixe.
As redes estavam a romper-se,
e eles fizeram sinal
aos companheiros que estavam no outro barco,
para que os viessem
ajudar.
Vieram e encheram os
dois barcos,
a ponto de se irem
afundando.
Ao ver isto, Simão
caiu aos pés de Jesus, dizendo:
«Afasta-te de mim,
Senhor, porque sou um homem pecador.»
Ele e todos os que
com ele estavam
encheram-se de
espanto por causa da pesca que tinham feito;
o mesmo acontecera a
Tiago e a João,
filhos de Zebedeu e
companheiros de Simão.
Jesus disse a Simão:
«Não tenhas receio;
de futuro, serás pescador de homens.»
E, depois de terem
reconduzido os barcos para terra,
deixaram tudo e
seguiram Jesus
COMENTÁRIO
Lucas realça o modo como a multidão escutava
«a palavra de Deus». Deste modo, remete-nos para a comunidade eclesial que vive
a sua fé colocando no centro de si mesma «a palavra de Deus» e, ao mesmo tempo,
Jesus como Palavra da revelação e a pregação apostólica. Lucas também realça
que Jesus, «sentando se, dali se pôs a ensinar a multidão». Também este
pormenor nos leva a considerar a narração evangélica como intimamente ligada à
vida da primitiva comunidade cristã, em que a passagem da evangelização à
catequese era normal e permanente.
«Porque Tu o dizes, lançarei as redes»: Lucas
sublinha a autoridade da palavra de Jesus. Sabemos que toda a palavra que saía
da boca de Jesus, para os Apóstolos ou para a multidão, estava carregada de
especial autoridade: «Que palavra é esta? Ordena com autoridade e poder aos
espíritos malignos, e eles saem!» (4, 36).
«Depois de terem reconduzido as barcas para terra, deixaram tudo e seguiram-no». Esta expressão alerta para o radicalismo evangélico. Lucas quer indicar que o seguimento de Jesus implica, não só uma opção pessoal, mas também a decisão de se desapegar de tudo aquilo que, de algum modo, possa enfraquecer a adesão a Jesus.
MEDITAÇÃO
Pedro já se tinha encontrado com Jesus. Mas o
episódio da pesca milagrosa marca um novo começo, um novo tipo de relação com o
Senhor: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens» (v. 10).
Quando o homem vacila nas suas convicções mais firmes, fica criada a ocasião
para a conversão. No espaço deixado livre pelo homem, no calar a própria
experiência, sempre limitada, Deus pode agir, o seu poder pode manifestar-se. E
tudo muda, inclusivamente dentro de nós e na nossa relação com Ele.
Na extraordinária pesca, depois de uma noite
de trabalho inútil, Pedro reconheceu os seus limites, e reconheceu, sobretudo,
o poder divino de Jesus. Por isso, se rendeu e ajoelhou diante de Deus: «Ao ver
isto, Simão caiu aos pés de Jesus» (v. 8). Tendo dado espaço ao Senhor, Ele
invadiu a sua vida: «de futuro, serás pescador de homens» (v. 10b).
E Pedro viveu uma verdadeira conversão,
realizou um pequeno êxodo, que encheu de significado as suas acções habituais.
«Serás pescador de homens»: Pedro e os companheiros são chamados a partir
exactamente da situação onde se encontravam, da sua experiência de homens do
mar, que, de futuro, olharão com olhos novos, com olhos iluminados pela fé no
Senhor Jesus.
A noite de trabalho inútil, transformou-se no
dia da abundância de Deus, em que podem saborear os bens que Ele nos preparou
desde toda a eternidade. Permanecer pescadores, por outro lado, quer dizer
continuar a própria experiência no espaço e no tempo, na cultura e na sociedade
a que pertencemos, incarnando nela a Palavra que salva.
Para o cristão, cada dia há-de ser um novo começo, a partir da Palavra do Senhor, acolhida num coração disponível. Por isso, não há monotonia, não há repetição. Há sempre a novidade da Palavra de Deus, que nos oferece uma pequena luz para cada dia, que nos dá força e coragem para recomeçar. Apoiados nela, o nosso dia será frutuoso para nós e, misteriosamente, para todo o mundo.
Os Apóstolos, à palavra de Jesus, lançaram as
redes, «e apanharam uma grande quantidade de peixe» (v. 6).
Vivamos cada dia com esta atitude, e o nosso trabalho será tornado fecundo pelo poder da Palavra do Senhor.
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