JORDÂNIA – No sábado, 5 de Agosto de 2017, na véspera da festa da Transfiguração, foi concluída em Smakieh, uma vila cristã no Sul da Jordânia, uma reconciliação tribal histórica entre duas tribos cristãs em conflito há cerca de cinco anos.
As duas tribos são os Hijazeen, de rito latino, e os Ziadin, de rito melequita. O acontecimento teve lugar na presença do governador de Kera, no sul da Jordânia, do Bispo Auxiliar da Jordânia, Mons. William Shomali, de parlamentares, senadores e de representantes das duas tribos. No fim da reunião, os antagonistas assinaram um documento segundo o qual cada um renunciava aos seus direitos assim como a qualquer acção judicial em tribunal.
A causa do conflito foi o casamento de um jovem da primeira tribo com uma rapariga da segunda tribo, sem o consentimento do seu pai, como é de uso nas famílias beduínas. O casamento “forçado” causou muita violência, ameaças e agressões mútuas. Vários jovens foram sequestrados. O ponto culminante foi a morte de Ziadin durante um confronto.
Durante os últimos cinco anos, numerosos mediadores tentaram resolver o conflito, mas sem sucesso. A situação tornou-se crítica e explosiva não somente na povoação, que conta cerca de 2 000 habitantes, mas também em Amã, onde vivem muitos Ziadines e Hijazines.
O Vigariato Latino de Amã e um grupo de padres do Patriarcado tomaram a iniciativa da reconciliação, o que foi imediatamente aceite pelas duas tribos. Depois de uma semana de negociações, na sede do Vigariato e na presença de outros participantes, parlamentares, juízes, notáveis e padres do Patriarcado, um processo de reconciliação pôde ser alcançado. Foi elaborado um documento para ser ratificado e pôr fim a este mal-entendido.
A reconciliação foi celebrada no passado dia 5 de Agosto, na presença de 500 pessoas. O programa teve início com o hino nacional jordano, seguido por um discurso do Vigário Patriarcal, Mons. Shomali: “Desde há muito tempo, que todos nós esperávamos por esta reconciliação. Apesar da demora, dêmos graças ao Senhor que nos ajudou a sermos protagonistas de paz”.
“Não acaba tudo hoje” continuou o Bispo. Temos ainda necessidade de fazer esforços suplementares. Os corações têm necessidade de serem purificados, as feridas de serem curadas, e as almas de reconciliação e de paz”.
Como era de esperar, o Bispo deparou-se com inúmeras dificuldades que poderiam ter impedido esta reconciliação. Um exemplo entre tantos outros: no próprio dia, a tenda que tinha sido levantada para acolher os convidados ardeu. O culpado não foi encontrado. Ele queria impedir o encontro. Uma outra tenda foi imediatamente levantada no lugar da anterior. Um senador muçulmano, num belo discurso, agradeceu a Igreja pelo que esta fez para restabelecer a paz.
No fim da reunião, um documento foi assinado pelos presentes. A vila e as duas tribos vão agora escrever uma nova página da sua história. Interrogado sobre as circunstâncias que favoreceram esta nova iniciativa, o Bispo explicou: a oração, o factor tempo, mas também a colaboração de inúmeros leigos crentes que puseram a sua energia ao serviço desta reconciliação”.
(In, www.lpj.org, 8 de Agosto 2017)
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