sábado, 12 de agosto de 2017

O Conflito Israelo Árabe 2 e 3


As fronteiras reconhecidas internacionalmente de Israel resultam da guerra de 1948, quando o nascente estado judaico derrotou vários exércitos árabes – egípcio, jordano e sírio – numa guerra que se seguiu à decisão das Nações Unidas de dividir o território da Palestina em dois estados, um para os judeus, outro para os árabes.




O mapa proposto pelas Nações Unidas

Os líderes israelitas, encabeçados por David Ben Gurion, decidiram aceitar a partição e proclamaram de imediato o novo Estado de Israel. O mesmo não sucedeu com os árabes da Palestina que, apoiados pelos estados vizinhos, acreditaram poder esmagar os judeus e reclamar para si todo o território. Não foi isso que sucedeu. Apesar de uma flagrante inferioridade numérica, o exército israelita conseguiu derrotar os diferentes exércitos árabes, alargando de forma substantiva o território que resultara da partição decidida pelas Nações Unidas. As fronteiras reconhecidas de Israel resultam dessa guerra e foram as existentes até à Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Nesse ano, o governo trabalhista, ciente de que nas fronteiras do estado judaico se estavam a acumular os exércitos da Síria, da Jordânia e do Egipto, decidiu atacar primeiro e, numa operação militar que entrou para a história, derrotou em menos de uma semana todos os seus opositores, ocupou o resto dos territórios da Palestina – a sul a Faixa de Gaza, que estava sob administração egípcia, a leste a Cisjordânia, administrada por Amã -, a que acrescentou a Península do Sinai, conquistada ao Egipto, e os Montes Golã, antes parte da Síria.




As fronteiras de Israel de 1948 a 1967

Os acordos de paz de 1979, entre Israel e o Egipto permitiram a devolução do Sinai. Quanto à Faixa de Gaza, Israel retirou-se completamente desse território em 2005, por decisão unilateral promovida pelo então primeiro-ministro Ariel Sharon.
Os acordo de Oslo, 1993, permitiram a autonomização de uma Autoridade Palestiniana, com jurisdição sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (à excepção dos colonatos), entidade essa para a qual Israel iria gradualmente transferindo soberania segundo um regime faseado até que as partes alcançassem um acordo final.

Nos dias de hoje a Autoridade Palestiniana está, na prática, dividida em duas, pois na Faixa de Gaza o poder é do Hamas enquanto na Cisjordânia ele continua a ser controlado pela Fatah, o maior grupo da Organização de Libertação da Palestina, OLP. A soberania da Autoridade Palestiniana é limitada, pois não pode ter um exército, apenas forças policiais, não controla totalmente as suas fronteiras e depende de Israel para coisas tão elementares como o acesso a um aeroporto internacional.

Em 2012 as Nações Unidas concederam o estatuto de “estado observador não-membro” ao autodesignado Estado da Palestina. Trata-se de um estatuto semelhante ao do Vaticano que muitos interpretaram como um reconhecimento de facto do estado soberano da Palestina, de resto proclamado desde Novembro de 1988.


Tanto Israel como a Autoridade Palestiniana reclamam soberania sobre Jerusalém. Israel declarou a cidade santa das três religiões como sendo a sua capital, um gesto que não é reconhecido pela maior parte dos países com quem mantém relações diplomáticas, que mantiveram as suas representações diplomáticas em Telavive.





Theodor Herzl 

O sionismo nasceu no final do século XIX e pode inserir-se num quadro mais geral de desenvolvimento dos nacionalismos na Europa. O seu fundador foi Theodor Herzl cujo livro Der Judenstaat (O Estado Judeu), publicado em 1896, se tornou num sucesso instantâneo. Os primeiros sionistas eram sobretudo judeus seculares Ashkenazi que reagiam também à ascensão do anti-semitismo na Europa (França conhecera o caso Dreyfus e na Rússia voltava a generalizar-se a prática de pogroms, isto é, massacres e perseguições patrocinadas pelas autoridades contra comunidades judaicas).

A proposta de Herzl, um judeu austríaco, baseava-se na criação de um Estado, preferencialmente na Palestina, a terra prometida dos judeus, se bem que considerasse hipóteses alternativas como a Argentina (mais tarde também se discutiriam outras alternativas, como Madagáscar ou o Uganda).

Ben Gurion

O movimento estimulou desde o início a imigração para a Palestina, onde os judeus começaram a comprar terras para se instalarem. Família a família. Casa a casa. David Ben Gurion, que mais tarde lideraria a fundação do Estado de Israel e seria o seu primeiro primeiro-ministro, foi um dos jovens que emigrou da Europa (nasceu na Polónia) para a Palestina logo no início do século e aí se instalou para organizar a vinda de mais jovens.

Existem hoje várias variantes do sionismo, umas mais marcadas por ideologias políticas – o trabalhismo, o liberalismo -, outras por um nacionalismo radical, outras ainda pela religião.

José Manuel Fernandes

Observador – 14 de Julho de 2014

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