quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O Conflito Israelo-Àrabe 10, 11, 12 e 13

A Cisjordânia é área compreendida entre a linha do armistício de 1948 e o vale do Jordão. Historicamente corresponde a parte das terras bíblicas da Judeia e Samaria, razão pela qual é essa a denominação adoptada pelo governo israelita para designar a Cisjordânia ou Margem Ocidental.

É na Cisjordânia que se situam alguns dos lugares urbanos há mais anos habitados pelo homem, como Jericó, considerada a cidade ainda habitada mais antiga do mundo, com 10 mil anos. Entre as suas cidades mais importantes contam-se Hebrom, Belém, Jenin, Nablus, Al-Bireh e Ramallah, onde hoje se situa a sede da Autoridade Palestiniana.

A população árabe da Cisjordânia é de cerca de 2,2 milhões de habitantes.

A seguir à guerra da Independência de Israel, 1948, a Cisjordânia foi integrada no Reino da Jordânia, situação que se alterou em 1967 depois da guerra dos Seis Dias e da ocupação israelita. É na Cisjordânia que se encontram a maior parte dos colonatos israelitas.

Faixa de Gaza é uma estreita fatia de território encaixada entre o Egipto, a sul, Israel, a leste a norte, e o Mediterrâneo. Tem uma superfície de apenas 360 quilómetros quadrados, o que significa que ocupa uma área pouco maior do que o concelho de Sintra mas mais pequena do que a do concelho da Figueira da Foz. É um pequeno rectângulo de uns 40 quilómetros de comprido por nove de largura. Nela vivem 1,8 milhões de palestinianos, o que faz desse enclave uma das regiões do mundo mais densamente povoadas: cinco mil habitantes por quilómetro quadrado.

A Faixa de Gaza vai buscar o seu nome à cidade de Gaza, há vários milénios uma das cidades mais importantes da região e que foi conquistada e reconquistada inúmeras vezes.


No plano de partição das Nações Unidas (1947) a Faixa de Gaza era entregue ao novo estado árabe a criar na Palestina, mas depois da guerra de 1948 acabou por ficar sob jurisdição egípcia até à Guerra dos Seis Dias (1967), quando foi ocupada por Israel. Em 1993, depois dos acordos de Oslo, a administração civil de Gaza passou para a Autoridade Palestiniana, e foi lá que Yasser Arafat, regressado do exílio em Tunes, começou por se instalar.

Em 2005 Israel decidiu retirar-se por completo deste pedaço de território, um gesto unilateral decidido por Ariel Sharon. Todos os colonatos israelitas foram então evacuados e entregues à Autoridade Palestiniana. Pouco depois, em 2006, o Hamas, maioritário entre a população de Gaza, ganha as eleições legislativas e, ao não conseguir chegar a acordo com a OLP, toma o poder neste território e dele expulsa violentamente as outras facções palestinianas.

Tem sido a partir deste território que, nos últimos anos, têm sido disparados contra Israel e os seus centros urbanos milhares de misséis Qassam. Apesar do controle exercido na fronteira com o Egipto, nunca Israel e os seus aliados conseguiram impedir o contrabando de armas para Gaza, armas que depois são utilizadas nestas acções. Esta actividade esteve na origem da curta guerra de 2008/2009, quando Israel desencadeou uma operação militar que incluiu uma invasão por terra através da qual tentou acabar com o disparo permanente de rockets. Neste momento podemos estar a assistir à preparação de uma operação semelhante.

Autoridade Nacional Palestiniana resulta dos acordos de paz de Oslo, negociados e assinados em 1993. A base desses acordos foi a troca de terra por paz: Israel transferia para os palestenianos a soberania sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia e estes reconheciam o direito a Israel existir e viver em paz e segurança. A transferência de poderes far-se-ia gradualmente até emergir um Estado palestiniano de corpo inteiro.


A entidade interina que resultou desses acordos foi a Autoridade Palestiniana, que gradualmente foi construindo os pilares do futuro estado. Nos primeiros anos a Autoridade Palestiniana ficou entregue à Organização de Libertação da Palestina, organização reconhecida por dezenas de Estados e pelas Nações Unidas como legítima representante do povo palestiniano. Em 1996 realizaram-se as primeiras eleições, de que resultou uma maioria da OLP na câmara legislativa e a eleição de Yasser Arafat para a presidência da Autoridade.

Dez anos depois, em 2006, a vitória do Hamas nas eleições para o parlamento palestiniano precipitaria um conflito que levaria à separação entre a Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder, e a Cisjordânia, onde a Autoridade Palestiniana, dominada pela Fatah (a principal força política dentro da OLP) continua a ser governo.

Desde o princípio de 2013 que a Autoridade Palestiniana se passou a auto-designar como Estado da Palestina. Esta decisão surgiu na sequência de as Nações Unidas terem aceite a Palestina como um país observador não-membro, um estatuto idêntico ao do Vaticano.

A sede da Autoridade Palestiniana é em Ramallah, uma cidade um pouco a norte de Jerusalém, e o seu presidente em exercício é Mahmoud Abbas.

Hamas foi fundado em 1987 numa altura em que o fundamentalismo islâmico ganhava rapidamente terreno em todo o Médio Oriente. A sua criação esteve ligada à Irmandade Muçulmana do Egipto, um dos grupos fundamentalistas mais fortes e mais antigo do mundo. A fundação do Hamas explorou igualmente o ambiente de extrema tensão e violência que caracterizou a primeira Intifada.



O programa inicial do Hamas era o estabelecimento de um estado islâmico nos territórios hoje ocupados por Israel, pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia. Mais recentemente dirigentes do Hamas fizeram referência a um estado circunscrito às fronteiras anteriores a 1967, mas sem o reconhecimento do Estado de Israel.

A carta de princípios do Hamas apresenta a luta contra Israel como parte da luta irreconciliável entre judeus e muçulmanos, contendo muitas expressão que não são apenas anti-sionistas, são anti-semitas. A organização também nega os factos históricos do Holocausto, que declara ser apenas uma criação da propaganda sionista.

Hamas possui um braço armado, as brigadas Izz ad-Din al-Qassam, que continuam a recorrer ao terrorismo como forma de combaterem Israel. O recurso a atentados suicidas e o disparo indiscriminado de rockets direccionados zonas habitadas apenas por civis têm sido os seus métodos de combate preferidos.

A principal base do Hamas é na Faixa de Gaza, onde goza de apoio maioritário. Em 2006 o Hamas conseguiu mesmo vencer as eleições parlamentares palestinianas, mas depois não conseguiu chegar a um entendimento com a Fatah para a partilha do poder, o que levou a uma breve guerra civil – a Batalha de Gaza – que terminou com o Hamas a tomar conta daquela parcela de território e a expulsar de lá a Fatah.


O essencial para entender 
o conflito israelo-palestiniano
José Manuel Fernandes
Observador – 14 de Julho de 2014

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O Conflito Israelo-Àrabe 6, 7, 8 e 9

O essencial para entender 
o conflito israelo-palestiniano
José Manuel Fernandes
Observador – 14 de Julho de 2014





 “A catástrofe”, ou “nakba” em árabe, é a forma como os palestinianos geralmente designam o grande êxodo de 1947-48, quando o ambiente de guerrilha que estalou no território e a posterior guerra da independência terminou com a vitória de Israel.

A guerra intestina entre as comunidades árabes e judaicas começou ainda durante o mandato britânico e prolongou-se até ao final de 1948, quando também acabou a primeira guerra israelo-árabe que se iniciou mal Israel declarou a independência, a 14 de Maio de 1948.

Estima-se que cerca de 700 mil palestinianos tenham deixado as suas casas durante este período, refugiando-se nos países vizinhos ou nos territórios que não foram ocupados pelo exército judeu durante a guerra da independência.

Quase 70 anos depois a historiografia ainda se divide sobre as razões fundamentais do êxodo. Do lado palestiniano fala-se de limpeza étnica deliberada. Do lado israelita de uma fuga que teve muitos motivos mas que foi incentivada pelos líderes palestinianos da época.

De uma forma geral sabe-se que a maioria dos árabes que vivam nas zonas que viriam a integrar o Estado de Israel fugiram de suas casas. Uns fizeram-no em pânico. Outros por não quererem viver sob as novas autoridades. Alguns foram forçados a partir pelo exército judaico. Tal como alguns também partiram respondendo apelos dos líderes árabes, nomeadamente na véspera da sua intervenção armada contra o Estado recém-proclamado.

Na mitologia da Nabka há um lugar central: Deir Yassin. Esta povoação, que tinha sido ocupada por soldados de uma brigada iraquiana, situada nos arredores de Jerusalém, foi atacada por unidades dos nacionalistas radicais do Irgun durante os combates pelo acesso à Cidade Santa. Dos combates resultaram mais de 100 mortos, incluindo mulheres e crianças que habitavam essa aldeia, mas este resultado – que foi apresentado de imediato como um massacre e que ocorreu na sequência de outros massacres, estes realizados por milícias palestinianas, sublinhe-se – foi noticiado com tal destaque que acentuou as reacções de pânico em algumas aldeias e vilas árabes, levando à fuga dos seus habitantes.

“A catástrofe” está assim na origem do problema dos refugiados, que mais de 60 anos passados ainda não encontrou solução.

Depois da guerra da independência, em 1948, os territórios da Palestina que não ficaram no Estado de Israel foram anexados pelo Egipto (Faixa de Gaza) e pela Jordânia (Margem Ocidental ou Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Cidade Velha).

Com a guerra dos Seis Dias tudo se alterou. Um exército israelita triunfante ocupou esses territórios, assim como a Península do Sinai (Egipto) e os Montes Golã (Síria). O acordo de paz de 1979 com o Egipto foi acompanhado pela devolução do Sinai (e pelo desmantelamento dos colonatos que, entretanto, aí tinham sido construídos). A desocupação dos Montes Golã nunca esteve verdadeiramente em cima da mesa: das suas alturas domina-se a Galileia, pelo que Israel considera que têm um valor estratégico fundamental para garantir a segurança dessa região.

Os territórios ocupados que restam podem dividir-se em três grupos: Faixa de GazaCisjordânia e Jerusalém Oriental. A sua situação é diversa. Em 2005 Israel retirou-se unilateralmente da Faixa de Gaza, entregando a sua gestão à Autoridade Palestiniana e desmantelando os colonatos que aí tinham sido construídos.

Grande parte da Cisjordânia também já está sob controle da Autoridade Palestiniana, mas aí Israel não só não desocupou os colonatos como tem vindo a expandi-los. Para se proteger da vaga de ataques suicidas nas suas cidades e da infiltração de terroristas, construiu também o “muro”, contestado sobretudo por consagrar a interpretação israelita das “linhas de fronteira” com territórios palestinianos.

Quanto a Jerusalém Oriental o seu estatuto é um dos temas mais complexos das negociações de paz. Por um lado, tanto Israel como a Autoridade Palestiniana pretendem fazer de Jerusalém a capital dos seus estados. Por outro lado nunca Israel abdicou de continuar a construir bairros novos nas áreas que, antes da guerra de 1967, estavam do lado árabe.


Depois de ter combatido e vencido a Guerra da Independência, em 1948, e a Guerra dos Seis Dias, em 1967, nas quais conseguiu derrotar vários exércitos árabes ao mesmo tempo – sobretudo Egipto, Jordânia e Síria, mas também Líbano e Iraque -, Israel enfrentou em 1973 uma terceira guerra convencional em que chegou a temer pela sua sobrevivência. Foi a guerra do Yom Kippur, assim conhecida por os exércitos árabes terem atacado durante a festa mais importante do calendário judaico.


Na frente do Sinai o exército egípcio logrou atravessar o canal do Suez em diversos pontos e avançar rapidamente, só sendo obrigado a recuar depois de um conjunto de audaciosas manobras chefiadas por Ariel Sharon. Esses avanços puderam ser apresentados aos egípcios, muito traumatizadas pela humilhação da derrota de 1967, como uma grande vitória, o que facilitou o caminho ao Presidente egípcio, Anwar El Sadat, e à sua aproximação a Israel.

Com mediação de Jimmy Carter, então Presidente dos Estados Unidos, Anwar El Sadat reuniu-se com o primeiro-ministro israelita Menachem Begin (que era o primeiro não-trabalhista a chegar à chefia do governo desde a independência) na residência de férias do presidente americano, em Camp David. Foi aí que em Setembro de 1978 os dois estadistas chegariam a acordo, firmando uma paz que lhes garantiria, semanas depois, o Prémio Nobel. Formalmente esses acordos foram assinados um pouco mais tarde, em Março de 1979.

Os acordos traduziram-se em dois documentos. Um regulava a relação entre o Egipto e Israel, consagrava a devolução da Península do Sinai e tem funcionado até hoje. Desde Sadat que o Egipto passou para a órbita dos Estados Unidos e mantém uma relação de paz fria com Israel. Suspenso da Liga Árabe, que retirou a sua sede do Cairo, ficou isolado entre os países da região durante grande parte da década de 1980 por causa deste acordo, o Egipto recuperou entretanto a sua posição e viu a Jordânia juntar-se, em 1994, ao grupo dos países que assinaram acordos com o Estado judaico.

O segundo documento pretendia regular a questão palestiniana e previa a retirada de Israel da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Nunca foi aplicado.

A audácia de Sadat acabaria contudo por lhe custar a vida: foi assassinado em 1981, durante uma parada militar, por extremistas que se opunham à paz com Israel.

Jerusalém é a Cidade Santa de três religiões monoteístas. Só esta constatação permite perceber os dilemas que o futuro da cidade coloca. Situada numa planalto a cerca de 700 metros de altitude, habitada por quase 900 mil almas, esta é uma das mais antigas cidades do mundo e uma das mais disputadas. É a cidade de Salomão que Nabucodonosor arrasou; a cidade de Herodes que os romanos conquistaram; a cidade pela qual os cruzados lutaram e que Saladino reconquistou; a cidade que os ingleses tomaram em 1917, que Adbullah el-Tell defendeu em 1948 e que Rabin conquistou em 1967.

Quando as Nações Unidas delinearam o seu plano de partilha da Palestina do mandato britânico, em 1947, Jerusalém deveria permanecer como uma entidade independente, sob jurisdição da comunidade internacional. Não foi isso que sucedeu: a parte ocidental da cidade ficou sob controle israelita e a metade oriental, mais toda a cidade velha e os seus inúmeros locais de culto, sob jurisdição jordana. De 1948 a 1967 esse controlo traduziu-se em enormes limitações de acesso aos seus locais sagrados de cristãos e, sobretudo, de judeus.

Desde a guerra dos Seis Dias que Jerusalém e a cidade velha estão sob controle de Israel, que entretanto transferiu para Jerusalém Ocidental todo o aparato de um Estado central, desde o Parlamento (Knesset) às instalações do diferentes ministérios. Em Jerusalém Ocidental situam-se também alguns dos mais importantes museus nacionais israelitas, como o Museu do Holocausto, Yad Vashem, assim como o cemitério onde estão sepultadas as principais figuras do jovem Estado.

A cidade continua muito dividida, existindo uma metade árabe e uma metade israelita que não se misturam, apenas se cruzam em locais como a Porta de Damasco.

Jerusalém - Porta de Damasco



Em Jerusalém os judeus mais ortodoxos tem uma expressão importante, alargando a sua influência a um complexo de bairros inteiros onde vivem de acordo com costumes que entram em contradição de difícil harmonização com a tradição mais laica dos pais fundadores do Estado judaico. Este elemento, juntamente com o peso histórico e toda a querela política, fazem de Jerusalém Ocidental, a metade judaica, uma cidade muito diferente, cultural e sociologicamente, de Telavive, por exemplo. Ao que não será estranho o facto de Jerusalém estar numa serra, a 800 m de altitude, e Telavive espraiar o seu hedonismo numa baía, junto ao mar.

domingo, 27 de agosto de 2017

«E vós, quem dizeis que Eu sou?»

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano A
27 de Agosto de 2017

Tema
No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja.

O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.


Evangelho: Mt 16,13-20

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe
e perguntou aos seus discípulos:
«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?»
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista,
outros que é Elias,
outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse:
«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe:
«Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram,
mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus:
tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».
Então, Jesus ordenou aos discípulos
que não dissessem a ninguém
que Ele era o Messias.


AMBIENTE
O Evangelho deste domingo situa-nos no Norte da Galileia, perto das nascentes do rio Jordão, em Cesareia de Filipe (na zona da actual Banias). A cidade tinha sido construída por Herodes Filipe (filho de Herodes o Grande) no ano 2 ou 3 a.C., em honra do imperador Augusto.
O episódio que nos é proposto ocupa um lugar central no Evangelho de Mateus. Aparece num momento de viragem, quando começa a perfilar-se no horizonte de Jesus um destino de cruz. Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes e um certo desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida, senão por um pequeno grupo – o grupo dos discípulos.

É, então, que Jesus dirige aos discípulos uma série de perguntas sobre si próprio. Não se trata, tanto, de medir a sua quota de popularidade; trata-se, sobretudo, de tornar as coisas mais claras para os discípulos e confirmá-los na sua opção de seguir Jesus e de apostar no Reino.

O relato de Mateus é um pouco diferente do relato do mesmo episódio feito por outros evangelistas (nomeadamente Marcos – cf. Mc 8,27-30). Mateus remodelou e ampliou o texto de Marcos, acrescentando a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus e a missão confiada a Pedro.

MENSAGEM
O nosso texto pode dividir-se em duas partes. A primeira, de carácter mais cristológico, centra-se em Jesus e na definição da sua identidade. A segunda, de carácter mais eclesiológico, centra-se na Igreja, que Jesus convoca à volta de Pedro.

Na primeira parte (vers. 13-16), Jesus interroga duplamente os discípulos: acerca do que as pessoas dizem dele e acerca do que os próprios discípulos pensam.

A opinião dos “homens” vê Jesus em continuidade com o passado (“João Baptista”, “Elias”, “Jeremias” ou “algum dos profetas”). Não captam a condição única de Jesus, a sua novidade, a sua originalidade. Reconhecem, apenas, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso. Na perspectiva dos “homens”, Jesus é, apenas, um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus e que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele (vers. 13-14). É muito, mas não é o suficiente: significa que os “homens” não entenderam a novidade do Messias, nem a profundidade do mistério de Jesus.
A opinião dos discípulos acerca de Jesus vai muito além da opinião comum.

Pedro, porta-voz da comunidade dos discípulos, resume o sentir da comunidade do Reino na expressão: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (vers. 16). Nestes dois títulos resume-se a fé da Igreja de Mateus e a catequese aí feita sobre Jesus. Dizer que Jesus é “o Cristo” (Messias) significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. No entanto, para os membros da comunidade do Reino, Jesus não é apenas o Messias: é também o “Filho de Deus”. No Antigo Testamento, a expressão “Filho de Deus” é aplicada aos anjos (cf. Dt 32,8; Sal 29,1; 89,7; Job 1,6), ao Povo eleito (cf. Ex 4,22; Os 11,1; Jer 3,19), aos vários membros do Povo de Deus (cf. Dt 14,1-2; Is 1,2; 30,1.9; Jer 3,14), ao rei (cf. 2 Sm 7,14) e ao Messias/rei da linhagem de David (cf. Sal 2,7; 89,27). Designa a condição de alguém que tem uma relação particular com Deus, a quem Deus elegeu e a quem Deus confiou uma missão. Definir Jesus como o “Filho de Deus” significa, não só que Ele recebe vida de Deus, mas que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus Lhe confiou uma missão única para a salvação dos homens; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus conhece e realiza os projectos do Pai no meio dos homens. Os discípulos são convidados a entender dessa forma o mistério de Jesus.

Na segunda parte (vers. 17-20), temos a resposta de Jesus à confissão de fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro. Jesus começa por felicitar Pedro (isto é, a comunidade) pela clareza da fé que o anima. No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus (“não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus” – vers. 17). Pedro (os discípulos) pertence a essa categoria dos “pobres”, dos “simples”, abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas de Deus (esses “pobres” e “simples” estão em contraposição com os líderes – fariseus, doutores da Lei, escribas – instalados nas suas certezas, seguranças e preconceitos, incapazes de abrir o coração aos desafios de Deus).

O que é que significa Jesus dizer a Pedro que ele é “a rocha” (o nome “Pedro” é a tradução grega do hebraico “Kephâ” – “rocha”) sobre a qual a Igreja de Jesus vai ser construída? As palavras de Jesus têm de ser vistas no contexto da confissão de fé precedente. Mateus está, portanto, a afirmar que a base firme e inamovível sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus vivo.

Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus e edificar a comunidade do Reino, Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. A entrega das chaves equivale à nomeação do “administrador do palácio” de que falava a primeira leitura: o “administrador do palácio”, entre outras coisas, administrava os bens do soberano, fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano… Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus.

Assim, Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino (atenção: todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos).

Trata-se, aqui, de confiar a um homem (Pedro) um primado, um papel de liderança absoluta (o poder das chaves, o poder de ligar e desligar) da comunidade dos discípulos? Ou Pedro é, aqui, um discípulo que dá voz a todos aqueles que acreditam em Jesus e que representa a comunidade dos discípulos? É difícil, a partir deste texto, fazer afirmações concludentes e definitivas. O poder de “ligar e desligar”, por exemplo, aparece noutro contexto, confiado à totalidade da comunidade e não a Pedro em exclusivo (cf. Mt 18,18). Provavelmente, o mais correcto é ver em Pedro o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que se reúne à volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir. Isso não invalida que Pedro fosse uma figura de referência para os primeiros cristãos e que desempenhasse um papel de primeiro plano na animação da Igreja nascente, sobretudo nas comunidades da Síria (as comunidades a que o Evangelho de Mateus se destina).


sábado, 19 de agosto de 2017

Os frutos da presença Cristã no Médio-Oriente, hoje!

JORDÂNIA – No sábado, 5 de Agosto de 2017, na véspera da festa da Transfiguração, foi concluída em Smakieh, uma vila cristã no Sul da Jordânia, uma reconciliação tribal histórica entre duas tribos cristãs em conflito há cerca de cinco anos.



As duas tribos são os Hijazeen, de rito latino, e os Ziadin, de rito melequita. O acontecimento teve lugar na presença do governador de Kera, no sul da Jordânia, do Bispo Auxiliar da Jordânia, Mons. William Shomali, de parlamentares, senadores e de representantes das duas tribos. No fim da reunião, os antagonistas assinaram um documento segundo o qual cada um renunciava aos seus direitos assim como a qualquer acção judicial em tribunal.
A causa do conflito foi o casamento de um jovem da primeira tribo com uma rapariga da segunda tribo, sem o consentimento do seu pai, como é de uso nas famílias beduínas. O casamento “forçado” causou muita violência, ameaças e agressões mútuas. Vários jovens foram sequestrados. O ponto culminante foi a morte de Ziadin durante um confronto.
Durante os últimos cinco anos, numerosos mediadores tentaram resolver o conflito, mas sem sucesso. A situação tornou-se crítica e explosiva não somente na povoação, que conta cerca de 2 000 habitantes, mas também em Amã, onde vivem muitos Ziadines e Hijazines.
O Vigariato Latino de Amã e um grupo de padres do Patriarcado tomaram a iniciativa da reconciliação, o que foi imediatamente aceite pelas duas tribos. Depois de uma semana de negociações, na sede do Vigariato e na presença de outros participantes, parlamentares, juízes, notáveis e padres do Patriarcado, um processo de reconciliação pôde ser alcançado. Foi elaborado um documento para ser ratificado e pôr fim a este mal-entendido.
A reconciliação foi celebrada no passado dia 5 de Agosto, na presença de 500 pessoas. O programa teve início com o hino nacional jordano, seguido por um discurso do Vigário Patriarcal, Mons. Shomali: “Desde há muito tempo, que todos nós esperávamos por esta reconciliação. Apesar da demora, dêmos graças ao Senhor que nos ajudou  a sermos protagonistas de paz”.
“Não acaba tudo hoje” continuou o Bispo. Temos ainda necessidade de fazer esforços suplementares. Os corações têm necessidade de serem purificados, as feridas de serem curadas, e as almas de reconciliação e de paz”.
Como era de esperar, o Bispo deparou-se com inúmeras dificuldades que poderiam ter impedido esta reconciliação. Um exemplo entre tantos outros: no próprio dia, a tenda que tinha sido levantada para acolher os convidados ardeu. O culpado não foi encontrado. Ele queria impedir o encontro. Uma outra tenda foi imediatamente levantada no lugar da anterior. Um senador muçulmano, num belo discurso, agradeceu a Igreja pelo que esta fez para restabelecer a paz.
No fim da reunião, um documento foi assinado pelos presentes. A vila e as duas tribos vão agora escrever uma nova página da sua história. Interrogado sobre as circunstâncias que favoreceram esta nova iniciativa, o Bispo explicou: a oração, o factor tempo, mas também a colaboração de inúmeros leigos crentes que puseram a sua energia ao serviço desta reconciliação”.

(In, www.lpj.org, 8 de Agosto 2017)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

«Mulher, e grande a tua fé. Faça-se como desejas».

20º Domingo do Tempo Comum
Ano A

A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino. O Evangelho apresenta a realização da profecia do Trito-Isaías, apresentada na primeira leitura deste domingo. Jesus, depois de constatar como os fariseus e os doutores da Lei recusam a sua proposta do Reino, entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem excepção.



EVANGELHO – Mt 15,21-28

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia.
Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores,
começou a gritar:
«Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim.
Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio».
Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra.
Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe:
«Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós».
Jesus respondeu:
«Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel».
Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo:
«Socorre-me, Senhor».
Ele respondeu:
«Não é justo que se tome o pão dos filhos
para o lançar aos cachorrinhos».
Mas ela replicou:
«É verdade, Senhor;
mas também os cachorrinhos comem das migalhas
que caem da mesa de seus donos».
Então Jesus respondeu-lhe:
«Mulher, e grande a tua fé. Faça-se como desejas».
E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.


AMBIENTE
Continuamos na secção da “instrução sobre o Reino” (cf. Mt 13,1-17,27). Depois de apresentar a pregação sobre o Reino em parábolas (cf. Mt 13,1-52), Mateus descreve a resposta dos interlocutores de Jesus à proposta que lhes foi transmitida (cf. Mt 14,1-17,27).

De uma forma geral, a comunidade judaica responde negativamente ao desafio apresentado por Jesus. Quer os nazarenos (cf. Mt 13,53-58), quer Herodes (cf. Mt 14,1-12), quer os escribas, quer os fariseus, quer os saduceus (cf. Mt 15,1-9; 16,1-4.5-12) recusam embarcar na aventura do Reino. Começa a tornar-se, cada vez mais claro, que a comunidade judaica não está disposta a acolher a proposta de Jesus.

O episódio que nos é proposto é, precisamente, antecedido de um confronto entre Jesus, por um lado, os fariseus e doutores da Lei, por outro, por causa das tradições judaicas (cf. Mt 15,1-9). Em ruptura com os fariseus e os doutores da Lei, Jesus “retirou-Se dali e foi para os lados de Tiro e de Sídon”. A recusa de Israel em acolher a proposta do Reino vai fazer com que a pregação de Jesus se dirija para fora das fronteiras de Israel. A comunidade dos discípulos – esse grupo que escutou atentamente a proposta do Reino e a acolheu – acompanha Jesus.

O episódio narrado no Evangelho deste domingo situa-nos na “região de Tiro e Sídon”. Diante de Jesus apresenta-se uma mulher “cananeia”. O apelativo “cananeia” designa, no Antigo Testamento, uma mulher pagã (neste caso, trata-se de uma mulher fenícia, provavelmente residente na região de Tiro e Sídon).

A Fenícia não era, aos olhos dos judeus, uma região “recomendável”. De lá tinham vindo, frequentemente, exércitos inimigos; de lá tinham vindo, muitas vezes, influências religiosas nefastas, que afastavam os israelitas da fé em Jahwéh e os levavam a correr atrás dos deuses cananeus. A famosa Jezabel, mulher do rei Acab, que potenciou o culto a Baal e Asserá (meados do séc. IX a.C., na época do profeta Elias) e que tão má memória deixou entre os fiéis a Jahwéh era filha de um rei de Sídon. Não admira, portanto, que os fariseus e doutores da Lei, defensores intransigentes da Lei e da pureza da fé, considerassem os habitantes dessa zona como “cães” (designação que, para os judeus, tinha um sentido altamente pejorativo).

O apelo da mulher fenícia vai no sentido de que ela possa, também, ter acesso a essa salvação que Jesus veio propor. Jesus passará por cima dos preconceitos religiosos dos judeus e oferecerá a salvação a esta pagã? Uma mulher fenícia (estrangeira, inimiga, oriunda de uma região com má fama e, ainda por cima, “mulher”) merecerá a graça da salvação?

MENSAGEM
Consideremos, em primeiro lugar, a figura da mulher fenícia… As suas três intervenções mostram, por um lado, a sua ânsia de salvação; e, por outro, a fé firme e convicta que a anima (as designações “filho de David” – que equivale a “Messias” – e “Senhor” – “Kyrios” – com que ela se dirige a Jesus, lidas em contexto cristão, equivalem a uma confissão de fé). É uma figura que nos impressiona pela fé, pela humildade e também pelo sofrimento que transparece no seu apelo.

Surpreende-nos depois, numa primeira leitura, a forma dura como Jesus trata esta mulher que pede ajuda. Ele começa por passar em silêncio, aparentemente insensível aos apelos da mulher (vers. 23). Depois, perante a insistência dos discípulos, responde: “não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (vers. 24). Finalmente, diante do dramático último apelo da mulher (“socorre-me, Senhor”), responde: “não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cães” (vers. 26).

Como entender esta atitude rude e insensível do mestre galileu, sempre preocupado em traduzir em gestos concretos o amor e a misericórdia de Deus pelos homens? A reacção de Jesus será fruto da convicção de que, de acordo com o plano de Deus, a salvação devia derramar-se, em primeiro lugar, pelos judeus, antes de alcançar os gentios?
A atitude de Jesus faz sentido, se a virmos como uma estratégia pedagógica, destinada a mostrar o sem sentido dos preconceitos judaicos contra os pagãos. Jesus conduziu o jogo de forma a demonstrar como eram ridículas as atitudes de discriminação dos pagãos, propostas pela catequese oficial judaica.

Endurecendo progressivamente a sua atitude face ao apelo que lhe foi feito pela “cananeia”, Jesus dá à mulher a possibilidade de demonstrar a firmeza e a convicção da sua fé e prova aos judeus que os pagãos são bem dignos – talvez mais dignos do que esses “santos” membros do Povo de Deus – de se sentar à mesa do Reino. Esta mulher, na sua humildade, nem sequer reivindica equiparar-se a esse Povo eleito, convidado por Deus para o banquete do Reino… Ela está disposta a ficar apenas com “as migalhas” que caem da mesa (vers. 27); mas pede insistentemente que lhe permitam ter acesso a essa salvação que Jesus traz. Ao contrário, os fariseus e doutores da Lei, fechados na sua auto-suficiência e nos seus preconceitos, rejeitam continuamente essa salvação que Jesus não cessa de lhes oferecer.

No final de toda esta caminhada de afirmação da “bondade” e do “merecimento” desses pagãos que a teologia oficial de Israel desprezava, Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se como desejas”. A afirmação de Jesus significa: “na verdade tu estás disposta a acolher-Me como o enviado do Pai e a aceitar o pão do Reino, o pão com que Deus mata a fome de vida de todos os seus filhos. Recebe essa salvação que se destina a todos aqueles que têm o coração aberto aos dons de Deus”.

É possível que Mateus esteja, nesta catequese, a responder a uma situação concreta da sua comunidade… Nos finais do século primeiro (o Evangelho segundo Mateus aparece durante a década de oitenta), alguns judeo-cristãos ainda tinham dificuldade em aceitar a entrada dos pagãos na Igreja de Jesus. Mateus recorda-lhes, então, que para Jesus o que é decisivo não é a raça, a história, a eleição, mas a adesão firme e convicta à proposta de salvação que, em Jesus, Deus faz aos homens.

O texto mostra que a proposta de Jesus é para todos. A comunidade de Jesus é, verdadeiramente, uma comunidade universal. Aquilo que é decisivo, no acesso à salvação, é a fé – isto é, a capacidade de aderir a Jesus e à sua proposta de vida.

(In, www.dehonianos.org