Isabel e
Zacarias
A Igreja latina celebra hoje a festa de Isabel, a mãe de João Batista, e une à sua memória a do
marido Zacarias. De ambos o
evangelho de Lucas dá-nos poucas
notícias, limitadas ao período da dupla anunciação a Zacarias e à Virgem e do
nascimento do precursor de Jesus. Todavia, com poucas palavras, o evangelista
sintetiza a sua santidade, seu espírito de oração, a rectidão dos seus corações
no cumprimento não só externo mas também interior dos preceitos mosaicos: «Ambos eram justos aos olhos de Deus e observavam irrepreensivelmente os
mandamentos e as leis do Senhor».
Para a mulher judaica a
maternidade era considerada a manifestação externa da bênção de Deus. Mas a
esterilidade de Isabel era a premissa da intervenção prodigiosa da graça de
Deus, que gosta de fazer as suas obras do nada. “O ventre fechado de Isabel e aquele voluntariamente virgem de Maria
são os sinais de um povo até então imerso no deserto e que está para encontrar
a fecundidade da alegria prometida pela aliança” (Maerttens). É o
pensamento expresso pelo próprio Zacarias no cântico profético que entoou no
dia da circuncisão do filho João.
Com o Benedictus, considerado a última profecia do Antigo Testamento, Zacarias canta, na primeira parte, a
Deus por ter mantido a promessa feita a nossos pais, enviando à terra o
Salvador, que teria finalmente libertado o povo dos seus inimigos,
permitindo-lhe «servi-lo na santidade e
na justiça, na sua presença, por todos os dias».
A grande obra da salvação
começara em surdina, no silêncio e na oração da casa de Maria em Nazaré e naquela de Ain
Karim, povoado não bem identificado a cinco milhas de Jerusalém,
onde os cônjuges idosos Zacarias e Isabel aguardavam o nascimento do
precursor de Jesus. Aqui aconteceu o
encontro entre a Virgem Mãe e sua prima Isabel,
que «repleta do Espírito Santo»
saudou a jovem parenta com as palavras que ao longo dos séculos os cristãos
repetem com a oração da Ave-Maria: «bendita
entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre».
Após o nascimento do filho João, no qual Zacarias exalta a grande missão de “precursor” de Jesus a fim de preparar as almas para
receberem a salvação, os dois santos cônjuges desaparecem na sombra,
dissipando-se como a ténue luz lunar pela luz solar de Cristo conforme uma lei que mais tarde seu filho proclamou: «Importa
que ele (Cristo) cresça e eu diminua».
Benedictus
Bendito o Senhor, Deus de Israel *
Que visitou e redimiu o seu povo
E nos deu um Salvador poderoso *
Na casa de David, seu servo,
Conforme prometeu pela boca dos seus santos,
*
Os profetas dos tempos antigos,
Para nos libertar dos nossos inimigos *
E das mãos daqueles que nos odeiam
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos
nossos pais, *
Recordando a sua sagrada aliança
E o juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
*
Que nos havia de conceder esta graça:
De O servirmos um dia, sem temor, *
Livres das mãos dos nossos inimigos,
Em santidade e justiça na sua presença, *
Todos os dias da nossa vida.
E tu, Menino, serás chamado Profeta do
Altíssimo, *
Porque irás à sua frente a preparar os seus
caminhos,
Para dar a conhecer ao seu povo a salvação *
Pela remissão dos seus pecados,
Graças ao coração misericordioso do nosso
Deus, *
Que das alturas nos visita como Sol Nascente,
Para iluminar os que jazem nas trevas e nas
sombras da morte *
E dirigir os nossos passos no caminho da paz.
Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espirito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Amen.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de
Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
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