domingo, 5 de novembro de 2017

Gente que vamos visitar: Isabel e Zacarias


Isabel e Zacarias




A Igreja latina celebra hoje a festa de Isabel, a mãe de João Batista, e une à sua memória a do marido Zacarias. De ambos o evangelho de Lucas dá-nos poucas notícias, limitadas ao período da dupla anunciação a Zacarias e à Virgem e do nascimento do precursor de Jesus. Todavia, com poucas palavras, o evangelista sintetiza a sua santidade, seu espírito de oração, a rectidão dos seus corações no cumprimento não só externo mas também interior dos preceitos mosaicos: «Ambos eram justos aos olhos de Deus e observavam irrepreensivelmente os mandamentos e as leis do Senhor».

Para a mulher judaica a maternidade era considerada a manifestação externa da bênção de Deus. Mas a esterilidade de Isabel era a premissa da intervenção prodigiosa da graça de Deus, que gosta de fazer as suas obras do nada. “O ventre fechado de Isabel e aquele voluntariamente virgem de Maria são os sinais de um povo até então imerso no deserto e que está para encontrar a fecundidade da alegria prometida pela aliança” (Maerttens). É o pensamento expresso pelo próprio Zacarias no cântico profético que entoou no dia da circuncisão do filho João.

Com o Benedictus, considerado a última profecia do Antigo Testamento, Zacarias canta, na primeira parte, a Deus por ter mantido a promessa feita a nossos pais, enviando à terra o Salvador, que teria finalmente libertado o povo dos seus inimigos, permitindo-lhe «servi-lo na santidade e na justiça, na sua presença, por todos os dias».

A grande obra da salvação começara em surdina, no silêncio e na oração da casa de Maria em Nazaré e naquela de Ain Karim, povoado não bem identificado a cinco milhas de Jerusalém, onde os cônjuges idosos Zacarias e Isabel aguardavam o nascimento do precursor de Jesus. Aqui aconteceu o encontro entre a Virgem Mãe e sua prima Isabel, que «repleta do Espírito Santo» saudou a jovem parenta com as palavras que ao longo dos séculos os cristãos repetem com a oração da Ave-Maria: «bendita entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre».

Após o nascimento do filho João, no qual Zacarias exalta a grande missão de “precursor” de Jesus a fim de preparar as almas para receberem a salvação, os dois santos cônjuges desaparecem na sombra, dissipando-se como a ténue luz lunar pela luz solar de Cristo conforme uma lei que mais tarde seu filho proclamou: «Importa que ele (Cristo) cresça e eu diminua».

Benedictus

Bendito o Senhor, Deus de Israel *
Que visitou e redimiu o seu povo
E nos deu um Salvador poderoso *
Na casa de David, seu servo,
Conforme prometeu pela boca dos seus santos, *
Os profetas dos tempos antigos,

Para nos libertar dos nossos inimigos *
E das mãos daqueles que nos odeiam
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, *
Recordando a sua sagrada aliança
E o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, *
Que nos havia de conceder esta graça:

De O servirmos um dia, sem temor, *
Livres das mãos dos nossos inimigos,
Em santidade e justiça na sua presença, *
Todos os dias da nossa vida.

E tu, Menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, *
Porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
Para dar a conhecer ao seu povo a salvação *
Pela remissão dos seus pecados,

Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, *
Que das alturas nos visita como Sol Nascente,
Para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte *
E dirigir os nossos passos no caminho da paz.

Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espirito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Amen.


Extraído do livro:

Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

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