terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A Custódia da Terra Santa - 3


Período ‘‘Moderno’’




Em 1847 o Papa Pio IX, com a breve carta apostólica “Nulla Celebrior”, restabeleceu a sede Patriarcal Latina em Jerusalém. Nesta carta foram recordados os obstáculos que haviam impedido até então, ao patriarca latino, de residir à Jerusalém. Por isso, dada a mudança geral da situação, o Papa dava a jurisdição necessária obrigando o patriarca latino de ter a sua sede fixa em Jerusalém. A Custódia da Terra Santa continua a desenvolver a sua missão providencial em favor dos Lugares Santos e a multiplicar a sua atividade em benefício da população presente na área em que atua.

Naquilo que diz respeito aos Santuários, encontramos os seguintes aspectos: em 1867 a Serva de Deus Paulina Nicolay doou à Custódia o Santuário de Emaús; em 1875 foi feito a aquisição da VII Estação da Via Sacra; em 1878 o Santuário de Naim; em 1879 concluíram-se as tratativas referentes ao Santuário de Caná da Galiléia; em 1880 foi o ano da conquista do Santuário de Betfagé; entre 1889 e 1950 a Custódia garantiu a posse da V Estação, do “Dominus Flevit”, de Tabga, de Cafarnaum, do Campo dos Pastores junto de Belém, do Deserto de São João Batista, do Monte Nebo, do local onde aconteceu o Batismo de Jesus às margens do Rio Jordão e de uma pequena área nas imediações do Santo Cenáculo e de Betânia.

É principalmente durante este período em que a Custódia da Terra Santa expandiu e desenvolveu a sua obra de reconstrução parcial ou total dos Santuários. No início eram pequenas capelas sem intenção alguma. Os meios econômicos e as resistências sociais não permitiam fazer grandes edifícios. Sobretudo no século XX, os franciscanos tentavam entender melhor os sentimentos comuns dos seus fiéis que com toda razão exigiam que os Santuários fossem incrementados para a dignidade e favorecimento das devoções. Recordemos agora a multiforme atividade de construção dos seguintes templos religiosos: em 1901 a construção da Basílica de Emaús; de 1919-1924 a Basílica da Agonia no Getsêmani; de 1921-1924 a Basílica da Transfiguração no Monte Tabor; de 1952-1953 a construção do novo Santuário de Betânia; de 1953-1954 aquele do Campo dos Pastores nas proximidades de Belém; em 1955 o Santuário de “Dominus Flevit” na descida do Monte das Oliveiras; de 1955-1969 a Basílica da Anunciação em Nazaré.

Não obstante a tanto trabalho ainda é possível assistir a episódios de sangue derramado pelos frades, a exemplo do ano de 1860 na cidade de Damasco. Ouve aí o desencadear-se de uma perseguição dos Drusos contra os cristãos do Líbano e acabou alargando-se mais tarde em direção da Síria e Damasco. A perseguição se formou por causa do decreto assinado em Paris em 1856 por parte do Sultão Abdul-Megil, no qual o mesmo Sultão reconhecia igualmente a todos os seus súditos, sem distinção de raça ou religião. A perseguição resultou em cerca de sete mil mortos entre os quais o Beato frei Emanuel Ruiz e seus companheiros mártires. Outro caso de martírio ocorreu na Turquia em 1895 quando foi assassinado o frei Salvador Lilli, mártir que mais tarde veio canonizado.

O clima histórico daquele período pode até ser bem compreendido se fizermos uma leitura da crônica de um ato sanguinário ocorrido em Jerusalém em 1901, quando, também em conseqüência da imposição do Status Quo, criavam-se situações de grande tensão. Nesta ocasião os fatos da discussão eram relacionados aos direitos de varrer o pátio ao lado das escadas que dão acesso à capela, conhecida como Capela dos Francos. Os monges gregos agrediram os frades, deixando alguns deles com ferimentos graves por causa das pedradas que estavam depositadas nos terraços próximos ao pátio.

Por fim, em 1920, por causa da perseguição contra os armênios, três sacerdotes e dois frades foram mortos pelos turcos.

Para concluir esta síntese histórica da Custódia da Terra Santa citaremos as palavras da Exortação Apostólica Nobis in Animo, que o Papa Paulo VI emanou em 1974: “Não sem um designo providencial, as façanhas históricas do século XIII trouxeram à Terra Santa a Ordem dos Frades Menores. Os filhos de São Francisco, daquele momento em diante, permaneceram na Terra de Jesus para servir a Igreja Local e para custodiar, restaurar e proteger os Lugares Santos. A fidelidade destes frades, ao desejo de seu fundador e a incumbência dada pela Santa Sé, foi muitas vezes marcada por atos de extraordinária virtude e generosidade”.


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