sábado, 28 de outubro de 2017

Leva-me mais longe



Beato John Henry Newman

John Henry Cardeal Newman nasceu em Londres a 21 de Fevereiro de 1801 e morreu em Edgbaston a 11 de agosto de 1890.
Foi um sacerdote anglicano convertido ao catolicismo, posteriormente nomeado cardeal pelo papa Leão XIII em 1879. O papa Bento XVI beatificou-o no dia 19 de Setembro de 2010.

Estudou no Trinity College de Oxford (1816) e no Oriel College (1822) e foi ordenado sacerdote da Igreja Anglicana. Tornou-se mais tarde num dos líderes do "Movimento de Oxford". Naquela época, ele considerava o anglicanismo de seu tempo excessivamente protestante e laicizado e considerava o catolicismo corrompido em relação às origens do cristianismo. Buscou uma "via média" entre os dois, e, pesquisando sobre os primórdios da Igreja Católica e do cristianismo em geral, terminou por converter-se ao catolicismo.


De entre os seus muitos escritos, deixou-nos esta oração onde enquanto descreve a sua conversão lança este grito de pedido intenso:

Lead Kindly Light Hymn

Lead, kindly Light, amid th’encircling gloom, lead Thou me on!
The night is dark, and I am far from home; lead Thou me on!
Keep Thou my feet; I do not ask to see
The distant scene; one step enough for me.

I was not ever thus, nor prayed that Thou shouldst lead me on;
I loved to choose and see my path; but now lead Thou me on!
I loved the garish day, and, spite of fears,
Pride ruled my will. Remember not past years!

So long Thy power hath blest me, sure it still will lead me on.
O’er moor and fen, o’er crag and torrent, till the night is gone,
And with the morn those angel faces smile, which I
Have loved long since, and lost awhile!

Meantime, along the narrow rugged path, Thyself hast trod,
Lead, Savior, lead me home in childlike faith, home to my God.
To rest forever after earthly strife
In the calm light of everlasting life.


Tradução do original:

Conduz-me, Luz terna,
pela escuridão que me envolve.
Conduz-me Tu!
É escura a noite e encontro-me longe de casa.
Conduz-me Tu!
Dirige Tu os meus passos.
Não peço para ver o destino distante,
basta-me um passo.

Nem sempre fui assim,
nem sempre Te pedi que me conduzisses.
Gostava de ser eu a escolher o meu caminho,
mas agora conduz-me Tu!
Amei o dia brilhante e apesar dos meus medos,
o orgulho definia a minha vontade.
Não Te lembres dos tempos passados!

Há tanto tempo que o Teu poder me abençoa,
que certamente me continuará a conduzir.
Pelos campos e pântanos,
pelas falésias e torrentes, até a noite findar
E com a manhã, essas caras de anjos sorriem,
essas que há muito eu amo,
mas que perdi por uns tempos!

Agora, pelo caminho estreito e encrespado
que Tu próprio percorreste.
Conduz-me, Salvador, conduz-me até casa,
com uma fé como a das crianças,
a casa do meu Deus.
Para sempre descansar
após este suplício terreno
na luz calma da vida eterna.



Não me sinto competente para falar da figura ou da obra de John Henry Newman, mas talvez seja interessante que eu fale da minha pessoal abordagem a Newman, no qual se reflecte também algo da actualidade deste grande teólogo inglês nas controvérsias espirituais do nosso tempo.

Quando em Janeiro de 1946 pude começar o meu estudo da teologia no seminário da Diocese de Frisinga, que finalmente reabriu depois dos tormentos da guerra, foi previsto que ao nosso grupo fosse destinado como prefeito um estudante mais velho, o qual, já antes do início da guerra tinha começado a trabalhar numa dissertação sobre a teologia da consciência de Newman. Durante todos os anos em que esteve envolvido na guerra, não afastou da sua mente este tema, que agora retomava com novo entusiasmo e energia. Ligou-nos, desde o início uma amizade pessoal, que se concentrava totalmente sobre os grandes problemas da filosofia e da teologia. É evidente que Newman estava sempre no centro deste intercâmbio. 

Alfred Läpple, o prefeito acima mencionado, publicou em 1952 a sua dissertação, com o título O indivíduo na Igreja. A doutrina de Newman sobre a consciência tornou-se então para nós o fundamento daquele personalismo teológico, que a todos nos atraiu com o seu fascínio. A nossa imagem do homem, assim como a nossa concepção da Igreja, foram assinaladas por este ponto de partida. Tínhamos conhecido a pretensão de um partido totalitário, que se concebia como a plenitude da história e que negava a consciência do indivíduo. Hermann Goering dissera do seu chefe: "Eu não tenho consciência alguma! A minha consciência é Adolf Hitler". A imensa ruína do homem que derivou disto, estava diante dos nossos olhos. 

Por isso, era um facto para nós liberatório e fundamental saber que o "nós" da Igreja não se fundava na eliminação da consciência, mas podia desenvolver-se unicamente a partir da consciência. Contudo, precisamente porque Newman explicava a existência do homem a partir da consciência, isto é, na relação entre Deus e a alma, era também claro que este personalismo não representava cedência alguma ao individualismo, e que o vínculo à consciência não significava concessão alguma à arbitrariedade tratava-se antes precisamente do contrário. De Newman aprendemos a compreender a primazia do Papa: a liberdade de consciência assim ensinava Newman com a Carta ao Duque de Norfolk não se identifica de modo algum com o direito de "dispensar-se da consciência, de ignorar o Legislador e o Juiz, e de ser independentes de deveres invisíveis". Deste modo a consciência, no seu significado autêntico, é o verdadeiro fundamento da autoridade do Papa. De facto, a sua força vem da Revelação, que completa a consciência natural iluminada de maneira apenas incompleta, e "a sua razão de ser é o facto de ser o campeão da lei moral e da consciência". 

Esta doutrina sobre a consciência tornou-se para mim cada vez mais importante no andamento sucessivo da Igreja e do mundo. Apercebo-me cada vez mais que ela se abre sempre de maneira completa só em referência à biografia do Cardeal, a qual supõe todo o drama espiritual do seu século. Newman, enquanto homem da consciência, tornou-se um convertido; foi a sua consciência que o guiou dos antigos vínculos e das antigas certezas para o mundo que para ele era mais difícil e inabitual do catolicismo. Contudo, precisamente este caminho da consciência é muito diferente do caminho da subjectividade que se afirma a si mesma: ao contrário, é um caminho de obediência à verdade objectiva. A segunda passagem do caminho de conversão que dura toda a vida de Newman foi de facto a superação da posição do subjectivismo evangélico, em favor de uma concepção do Cristianismo fundada na objectividade do dogma. A este propósito penso que é sempre muito significativa, sobretudo hoje, uma formulação tirada de uma das suas pregações da época anglicana. O verdadeiro Cristianismo demonstra-se na obediência, e não num estado de consciência. 

"Assim, qualquer tarefa e trabalho de um cristão se organiza tendo como centro estes dois elementos: a fé e a obediência; "ele olha para Jesus" (Hb 2, 9)... e age segundo a sua vontade. Parece-me que hoje corremos o perigo de não dar a importância que deveríamos a nenhum dos dois. Consideramos qualquer reflexão verdadeira e cuidadosa sobre o conteúdo da fé como estéril ortodoxia, como técnica impenetrável. Por conseguinte fazemos consistir o critério da nossa piedade na posse de uma disposição do ânimo espiritual".

Em relação a isto, tornaram-se importantes para mim algumas frases tiradas do livro Os Arianos do IV século, que à primeira vista me tinham parecido bastante surpreendentes: o princípio apresentado pela Escritura como fundamento da paz é "reconhecer que a verdade como tal deve guiar quer o comportamento político quer o privado... e que o zelo, na escala das graças cristãs, tinha a prioridade sobre a benevolência". Para mim é sempre de novo fascinante aperceber-me e reflectir como precisamente assim e só assim, através do vínculo com a verdade, com Deus, a consciência recebe valor, dignidade e força. Neste contexto gostaria de acrescentar apenas outra expressão tirada da Apologia pro vita sua, que ao contrário demonstra o realismo desta concepção da pessoa e da Igreja:  "Os movimentos vivos não surgem de comissões". 

Gostaria de voltar mais uma vez ao aspecto autobiográfico. Quando em 1947 continuei em Mónaco os meus estudos, encontrei no professor de teologia fundamental, Gottlieb Söhngen, o meu verdadeiro mestre em teologia, um culto e apaixonado seguidor de Newman. Ele apresentou-nos a Gramática do Consentimento e com ela a modalidade específica e a forma de certeza própria do conhecimento religioso. Ainda mais profundamente agiu em mim o contributo que Heinrich Fries publicou por ocasião do Jubileu de Calcedónia: nele tive o acesso à doutrina de Newman sobre o desenvolvimento do dogma, que considero ser, com a doutrina sobre a consciência, o seu contributo decisivo para a renovação da teologia. Com isto ele pôs nas nossas mãos a chave para inserir na teologia um pensamento histórico, ou melhor: ele ensinou-nos a pensar historicamente a teologia, e precisamente desta forma, a reconhecer a identidade da fé em todas as mutações. Sou obrigado a abster-me do aprofundamento, neste contexto, desta ideia.

Parece-me que o contributo de Newman ainda não foi completamente utilizado nas teologias modernas. Ele contém em si ainda possibilidades frutuosas, que aguardam ser desenvolvidas. Nesta sede gostaria apenas de me referir mais uma vez ao aspecto biográfico desta concepção. Todos sabem como a concepção de Newman sobre a ideia do desenvolvimento marcou o seu caminho rumo ao catolicismo. Contudo não se trata apenas de um desenvolvimento coerente de ideias. No conceito de desenvolvimento está em jogo a própria vida pessoal de Newman.

Parece-me que isto se torna evidente na sua conhecida afirmação, contida no famoso ensaio sobre O desenvolvimento da doutrina cristã: "aqui, na terra, viver é mudar, e a perfeição é o resultado de muitas transformações". Newman foi ao longo de toda a sua vida uma pessoa que se converteu, que se transformou, e desta forma permaneceu sempre ele mesmo, e tornou-se sempre mais ele mesmo. 

Vem-me à mente a figura de Santo Agostinho, tão semelhante à figura de Newman. Quando se converteu no jardim perto de Cassiciaco, Agostinho tinha compreendido a conversão ainda segundo o esquema do venerado mestre Plotino e dos filósofos neoplatónicos. Pensava que a vida de pecado passada estava agora definitivamente superada; o convertido seria daquele momento em diante uma pessoa completamente nova e diferente, e o seu caminho seguinte teria consistido numa contínua subida para as alturas mais puras da proximidade de Deus, algo como o que descreveu Gregório de Nissa em De vita Moysis: "Precisamente como os corpos, logo que receberam o primeiro impulso para baixo, mesmo sem ulteriores estímulos, afundam-se por si mesmos... também mas em sentido contrário, a alma que se liberta das paixões terrenas, se eleva constantemente ao de cima de si com um movimento veloz de ascensão... num voo sempre em direcção ao alto". Mas a experiência real de Agostinho era outra: ele teve que aprender que ser cristãos significa, ao contrário, percorrer um caminho sempre mais cansativo com todos os seus altos e baixos. A imagem da ascensão é substituída com a de um iter, um caminho, de cujas fadigosas asperezas nos confortam e amparam os momentos de luz, que de vez em quando podemos receber. A conversão é um caminho, uma via que dura a vida inteira. Por isso, a fé é sempre desenvolvimento, e precisamente assim maturação da alma para a Verdade, que "nos é mais íntima de quanto nós o somos para nós mesmos". 

Newman expôs na ideia do desenvolvimento a própria experiência pessoal de uma conversão jamais concluída, e assim ofereceu-nos a interpretação não só do caminho da doutrina cristã, mas também da vida cristã. O sinal característico do grande doutor da Igreja parece-me que seja aquele que ele não ensina só com o seu pensamento e com os seus discursos, mas também com a sua vida, porque nele pensamento e vida compenetram-se e determinam-se reciprocamente. Se isto é verdade, então Newman pertence deveras aos grandes doutores da Igreja, porque ele toca ao mesmo tempo o nosso coração e ilumina o nosso pensamento.

CARD. JOSEPH RATZINGER 

28 de Abril de 1990

Presença Franciscana na Terra Santa



Uma longa história de 800 anos





Comemora-se este ano o 8º centenário presença Franciscana na Terra santa.


«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito»

30º Domingo do Tempo Comum – Ano A
29 Outubro 2017



Acredita-se que ela foi feita durante o final do Império Romano e o início da era bizantina, entre os anos 300 e 500 d.C. Ficava na entrada de uma antiga sinagoga samaritana, provavelmente destruída pelos romanos. Somente em 1913, durante as escavações para a construção da estrada de ferro, perto da cidade de Yavne, em Israel, a pedra foi revelada.

TEMA
A liturgia do 30º domingo Comum diz-nos, de forma clara e inquestionável, que o amor está no centro da experiência cristã. O que Deus pede – ou antes, o que Deus exige – a cada crente é que deixe o seu coração ser submergido pelo amor.

O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.


EVANGELHO – Mt 22,34-40

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus,
reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Jesus respondeu:
«Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração, com toda a tua alma
e com todo o teu espírito’.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo, porém, é semelhante a este:
‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
Nestes dois mandamentos se resumem
toda a Lei e os Profetas».

AMBIENTE
O Evangelho deste domingo leva-nos, outra vez, a Jerusalém, ao encontro dos últimos dias de Jesus. Os líderes judaicos já fizeram a sua escolha e têm ideias definidas acerca da proposta de Jesus: é uma proposta que não vem de Deus e que deve ser rejeitada… Jesus, por sua vez, deve ser denunciado, julgado e condenado de forma exemplar. Para conseguir concretizar esse objectivo, os responsáveis judaicos procuram argumentos de acusação contra Jesus.

É neste ambiente que Mateus situa três controvérsias entre Jesus e os fariseus. Essas controvérsias apresentam-se como armadilhas bem organizadas e montadas, destinadas a surpreender afirmações polémicas de Jesus, capazes de ser usadas em tribunal para conseguir a sua condenação. Depois da controvérsia sobre o tributo a César (cf. Mt 22,15-22) e da controvérsia sobre a ressurreição dos mortos (cf. Mt 22,23-33), chega a controvérsia sobre o maior mandamento da Lei (cf. Mt 22,34-40). É esta última que o Evangelho de hoje nos apresenta… Ao perguntar a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, os fariseus procuram demonstrar que Jesus não sabe interpretar a Lei e que, portanto, não é digno de crédito.

A questão do maior mandamento da Lei não era uma questão pacífica e era, no tempo de Jesus, objecto de debates intermináveis entre os fariseus e os doutores da Lei. A preocupação em actualizar a Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia punha, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições e 248 acções a pôr em prática. Esta “multiplicação” dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros?

É esta a questão que é posta a Jesus.


MENSAGEM
A resposta de Jesus, no entanto, supera o horizonte estreito da pergunta e vai muito mais além, situando-se ao nível das opções profundas que o homem deve fazer… O importante, na perspectiva de Jesus, não é definir qual o mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos. E, na perspectiva de Jesus, essa raiz gira à volta de duas coordenadas: o amor a Deus e o amor ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois mandamentos.

Os cristãos de Mateus usavam a expressão “a Lei e os Profetas” para se referirem aos livros inspirados do Antigo Testamento, que apresentavam a revelação de Deus (cf. Mt 5,17; 7,12). Dizer, portanto, que “nestes dois mandamentos se resumem a Lei e os Profetas” (vers. 40), significa que eles encerram toda a revelação de Deus, que eles contêm a totalidade da proposta de Deus para os homens.

A originalidade deste sumário evangélico da Lei não está nas ideias de amor a Deus a ao próximo, que são bem conhecidas do Antigo Testamento: Jesus limita-Se a citar Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz respeito ao amor ao próximo)… A originalidade deste ensinamento está, por um lado, no facto de Jesus os aproximar um do outro, pondo-os em perfeito paralelo e, por outro, no facto de Jesus simplificar e concentrar toda a revelação de Deus nestes dois mandamentos.

Portanto, o compromisso religioso (que é proposto aos crentes, quer do Antigo, quer do Novo Testamento) resume-se no amor a Deus e no amor ao próximo. Na perspectiva de Jesus, que é que isto quer dizer?

De acordo com os relatos evangélicos, Jesus nunca se preocupou excessivamente com o cumprimento dos rituais litúrgicos que a religião judaica propunha, nem viveu obcecado com o oferecimento de dons materiais a Deus. A grande preocupação de Jesus foi, em contrapartida, discernir a vontade do Pai e a cumpri-la com fidelidade e amor. “Amar a Deus” é pois, na perspectiva de Jesus, estar atento aos projectos do Pai e procurar concretizar, na vida do dia a dia, os seus planos. Ora, na vida de Jesus, o cumprimento da vontade do Pai passa por fazer da vida uma entrega de amor aos irmãos, se necessário até ao dom total de si mesmo.

Assim, na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos irmãos” estão intimamente associados. Não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. “Amar a Deus” é cumprir o seu projecto de amor, que se concretiza na solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos irmãos.

Como é que deve ser esse “amor aos irmãos”? Este texto só explica que é preciso “amar o próximo como a si mesmo”. As palavras “como a si mesmo” não significam qualquer espécie de condicionalismo, mas que é preciso amar totalmente, de todo o coração.

Noutros textos mateanos, Jesus explica aos seus discípulos que é preciso amar os inimigos e orar pelos perseguidores (cf. Mt 5,43-48). Trata-se, portanto, de um amor sem limites, sem medida e que não distingue entre bons e maus, amigos e inimigos. Aliás, Lucas, ao contar este mesmo episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta, acrescenta-lhe a história do “bom samaritano”, explicando que esse “amor aos irmãos” pedido por Jesus é incondicional e deve atingir todo o irmão que encontrarmos nos caminhos da vida, mesmo que ele seja um estrangeiro ou inimigo (cf. Lc 10,25-37).

(In, www.dehonianos.org)