terça-feira, 9 de janeiro de 2018

É assim desde antes do séc. IV...

Sugestão para as tardes livres

Igreja do Santo Sepulcro

Daily Procession

Francis of Assisi and his friars came to the Holy Land with the wish to be able to “breathe” in these Places that had been sanctified by the presence of the man Jesus. The daily procession at the Holy Sepulchre, which passes through the places of the passion-death-resurrection of Christ, is a way of recalling to pilgrims the need to constantly meditate on the humanity of Jesus, who in these places suffered his Passion and manifested himself in his Resurrection. In a similar manner to the Way of the Cross, the daily procession commemorates the importance of the devotion to the cross, a cherished theme for the Saint from Assisi and Franciscan spirituality.


The procession was not created as a practical ritual for the community of friars at the Holy Sepulchre, nor is it a “liturgy” for worship only by local Christians, but it is instead intended for all Christian pilgrims who come to the church. This aspect has helped to preserve the origin of the sanctuaries as a heritage of the Universal Catholic Church. This is also testified to by the patient and persevering presence of the community of Friars Minor at the Tomb.

The structure of the procession has undergone a series of changes and variations over the course of the various historical periods which have allowed the practice of the daily Procession to survive to the present day.

The procession can be seen as fulfilling a function strongly linked to the devotion to these places as “relics” of the passion-death-resurrection of Jesus Christ, while at the same time linked to the individual actors in these moments (Mary Mother of Jesus, John, Mary Magdalene, etc.). The Word of God appears as a fundamental element in this processional practice, and is frequently announced and re-read in a poetic manner.

Historical and liturgical tradition
The ancient custom described by Egeria of visiting all of the Holy Places of the passion-death-resurrection of Jesus has over the centuries become a tradition of great importance. According to Egeria’s testimony, the entire community was present during the procession, and formed a cortege to escort the Bishop who moved among the various sanctuaries in the city to celebrate the liturgy, reciting songs, psalms and hymns. Following the Islamic conquest of Jerusalem, external manifestations of Christian worship were forbidden, so that all services henceforth had to be carried out in the interior of churches.


The procession continued to be carried out during the Crusader era, in a similar and very simple manner, particularly after the Latins were given the right to freely move about the Tomb.

With the arrival of the Friars Minor at the Church of the Holy Sepulchre (already present there for some time, they were formally recognized by the Pope in 1342), Christian worship was re-established in the Holy Places, which for a considerable period of time had been under Muslim control. The friars were entrusted with the tasks of guarding the sanctuaries and celebrating the liturgy. The oldest text concerning the procession dates from 1431, in the diary of Mariano da Siena. The community of friars welcomed pilgrims, guiding them through the Holy Places. After entering in the afternoon, pilgrims would complete their visit to the sanctuary by taking part in a procession; following a night of prayer in the church, the peregrinatio would conclude with a solemn and communal Eucharist celebrated by the Franciscan Guardian.

Beginning in the 16th century, with the increase in the number of religious residents at the Tomb, but above all due to the arrival of the Ottoman Empire, the procession began to become a daily practice of the community, rather than a ritual specifically linked to the arrival of pilgrims. In this manner, for historical reasons that are now apparent, it lost part of its pastoral character.

The procession was substantially revised in 1623 by Custos Thomas Obicini, under whose care an official processional, Ordo Processionalis, was published. 
In 1924 the then Custos Father Ferdinando Diotallevi added an additional station to the daily procession, that of Our Lady of Sorrows on Calvary. The following year a new version of the procession was introduced in which modifications were made to the hymns to bring them into conformity with the official edition of the Roman Antiphonal.


Itinerary:
At the sound of the bells, the community of friars comes to the choir to recite the Liturgy of the Hours. Immediately following this, they exit the choir and initiate the procession which consists of fourteen stations and terminates at its starting point, the Chapel of the Blessed Sacrament (also known as the Chapel of the Apparition of the risen Jesus to his Mother). Participating in the procession are the friars from the community as well as some coming from St. Saviour’s. At each station a hymn appropriate to the place is recited or sung, followed by an antiphon and the collect, and at the end a Pater, Ave e Gloria is recited. Until the seventh station the procession is recited recto tono, i.e., always using the same note, after which point it is sung.

In earlier days priests from other denominations also participated in the procession, but over time this practice fell into disuse.

The friars also have the right to incense and pray at altars of other Christian denominations. 

The procession follows the itinerary given below: 
I. Altar of the Blessed Sacrament
II. Column of the Flagellation
III. Prison of Christ
IV. Altar of the Division of the Holy Robes
V. Crypt of the Finding of the Cross
VI. Chapel of St. Helena
VII. Chapel of Derision
VIII. the site of the Crucifixion on Calvary
IX. the site where Christ died on the Cross
X. Altar of Our Lady of Sorrows
XI. Stone of the Anointing
XII. the glorious Tomb of Our Lord Jesus Christ
XIII. the site of the appearance of Jesus to Mary Magdalene
XIV. Chapel of the Apparition of the risen Jesus to his Mother

On days of great solemnity in the church, the procession is eagerly anticipated and assumes a solemn nature. Participating alongside the Friars Minor is a prelate who is solemnly welcomed to the church.

(In, www.custodia.org)

Terra Sancta Museum


Uma boa sugestão para as tardes livres em Jerusalém!




Daremos informação mais completa em Jerusalém.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

«Vinde e vede»

Quarta-feira do Tempo do Natal
3 Janeiro 2018




Evangelho: João 1, 35-42

No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali
com dois dos seus discípulos.
Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse:
«Eis o Cordeiro de Deus!»
Ouvindo-o falar desta maneira,
os dois discípulos seguiram Jesus.
Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam,
perguntou-lhes: «Que buscais?»
Eles disseram-lhe: «Rabi, que quer dizer Mestre, onde moras?»
Ele respondeu-lhes: «Vinde e vede»
Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia.
Era ao cair da tarde.
André, o irmão de Simão Pedro,
era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus.
Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe:
«Encontrámos o Messias!», que quer dizer Cristo.
E levou-o até Jesus.
Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe:
«Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas»,
que significa Pedra.


Mais uma vez, João Baptista dá testemunho de Jesus e leva alguns dos seus discípulos a seguirem Jesus. O texto apresenta-nos, por um lado, o facto histórico do chamamento dos primeiros discípulos descrito como descoberta do mistério de Cristo e, por outro lado, a mensagem teológica sobre a fé e o seguimento de Jesus. O caminho para alguém se tornar discípulo tem alguns traços característicos: tudo começa com o testemunho e o anúncio de uma testemunha qualificada, João Baptista, neste caso: «Eis o Cordeiro de Deus!»; segue-se o caminho do discipulado: «seguiram Jesus»; encontro pessoal e de comunhão com o Mestre: «Foram… viram onde morava… ficaram com Ele». O encontro compreende um colóquio em que Jesus fala da sua identidade e convida a uma experiência de vida com Ele. Esta experiência termina com uma profissão de fé: «Encontrámos o Messias!», que depois se torna apostolado e missão. De facto, André, um dos que fez a experiência, levou o irmão a Jesus, que lhe muda o nome de Simão para Pedro, isto é, Cefas para indicar a missão que haverá de realizar na Igreja.

Meditatio
Gostaríamos de saber muito mais sobre este primeiro encontro dos discípulos com Jesus. Mas o evangelista limita-se a referir o essencial.

João Baptista indica o Cordeiro de Deus e… cala-se. Não retém os discípulos. Entrega-os a Jesus. Eles ficam encantados com a pessoa de Jesus, com a sua grande humanidade, que lhes enche as medidas.

O caminho para chegarmos ao conhecimento de Jesus é observar o comportamento das pessoas que se encontraram com Ele. Penetrar no mistério de Jesus é observar o mundo que O rodeia e dar-nos conta do modo como Ele se relaciona com as pessoas.

O chamamento dos discípulos ao seguimento do Mestre é um evento que se repete na Igreja. Jesus chama-nos pessoalmente ao discipulado. E também nos pode chamar a uma particular experiência de vida e de missão com Ele, tal como chamou os apóstolos. Esse chamamento faz-se ouvir na vida de cada um de nós. É importante que saibamos ler os acontecimentos da nossa vida e, penetrando no Coração de Jesus, saibamos indicá-Lo também aos outros.

Na vida de cada um de nós há um dia, um encontro com Ele, que marca uma mudança radical de vida: o chamamento pessoal e imprevisível de Deus em vista da missão. Muitas vezes, serve-Se de outros para nos chamar: podem ser os pais, um sacerdote, um livro, um retiro espiritual, mas é sempre Ele que chama ao seguimento para a construção de um mundo novo. O importante é que estejamos atentos para que não passe em vão.

Quando Jesus se apresentou a João, junto ao rio Jordão, a missão do Baptista estava a acabar: o amigo do esposo deve saber retirar-se quando chega o esposo. Um ensinamento importante para quem se dedica ao apostolado, à orientação espiritual dos irmãos…

sábado, 30 de dezembro de 2017

«Luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo»

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ
ANO B
31 Dezembro 2017



Tema da Festa da Sagrada Família
A liturgia deste domingo propõe-nos a família de Jesus como exemplo e modelo das nossas comunidades familiares… Como a família de Jesus – diz-nos a liturgia deste dia – as nossas famílias devem viver numa atenção constante aos desafios de Deus e às necessidades dos irmãos.

O Evangelho põe-nos diante da Sagrada Família de Nazaré apresentando Jesus no Templo de Jerusalém. A cena mostra uma família que escuta a Palavra de Deus, que procura concretizá-la na vida e que consagra a Deus a vida dos seus membros. Nas figuras de Ana e Simeão, Lucas propõe-nos também o exemplo de dois anciãos de olhos postos no futuro, capazes de perceber os sinais de Deus e de testemunhar a presença libertadora de Deus no meio dos homens.

EVANGELHO – Lucas 2,22-40

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés,
Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
para O apresentarem ao Senhor,
como está escrito na Lei do Senhor:
«Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor»,
e para oferecerem em sacrifício
um par de rolas ou duas pombinhas,
como se diz na Lei do Senhor.
Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão,
homem justo e piedoso,
que esperava a consolação de Israel;
e o Espírito Santo estava nele.
O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria
antes de ver o Messias do Senhor;
e veio ao templo, movido pelo Espírito.
Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino
para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito,
Simeão recebeu-O em seus braços
e bendisse a Deus, exclamando:
«Agora, Senhor, segundo a vossa palavra,
deixareis ir em paz o vosso servo,
porque os meus olhos viram a vossa salvação,
que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo».
O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados
com o que d’Ele se dizia.
Simeão abençoou-os
e disse a Maria, sua Mãe:
«Este Menino foi estabelecido
para que muitos caiam ou se levantem em Israel
e para ser sinal de contradição;
– e uma espada trespassará a tua alma –
assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
Havia também uma profetiza,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.
Era de idade muito avançada
e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela
e viúva até aos oitenta e quatro.
Não se afastava do templo,
servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião,
começou também a louvar a Deus
e a falar acerca do Menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor,
voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré.
Entretanto, o Menino crescia
e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria.
E a graça de Deus estava com Ele.


AMBIENTE
O interesse fundamental dos primeiros cristãos não se centrou na infância de Jesus, mas na sua mensagem e proposta; por isso, conservaram especialmente as recordações sobre a vida pública e a paixão do Senhor.

Só num estádio posterior houve uma certa curiosidade acerca dos primeiros anos da vida de Jesus. Coligiram-se, então, escassas informações históricas sobre a infância de Jesus e amassou-se esse material com reflexões e com a catequese que a comunidade fazia acerca de Jesus. O chamado “Evangelho da Infância” (de que faz parte o texto que nos é hoje proposto) assenta nessa base; parte de algumas indicações históricas e desenvolve uma reflexão teológica para explicar quem é Jesus. Nesta secção do Evangelho, Lucas está muito mais interessado em dizer quem é Jesus, do que em fazer uma reportagem histórica sobre a sua infância.

Lucas propõe-nos, hoje, o quadro da apresentação de Jesus no Templo. Segundo a Lei de Moisés, todos os primogénitos (tanto dos homens como dos animais) pertenciam a Jahwéh e deviam ser oferecidos a Jahwéh (cf. Ex 13,1-2. 11-16). O costume de oferecer aos deuses os primogénitos é um costume cananeu que, no entanto, Israel transformou no que dizia respeito aos primogénitos dos homens… Estes não deviam ser oferecidos em sacrifício, mas resgatados por um animal, imolado ao Senhor.

De acordo com Lev 12,2-8, quarenta dias após o nascimento de uma criança, esta devia ser apresentada no Templo, onde a mãe oferecia um ritual de purificação. Nessa cerimónia, devia ser oferecido um cordeiro de um ano (para as famílias mais abastadas) ou então duas pombas ou duas rolas (para as famílias de menores recursos). É neste contexto que o Evangelho de hoje nos situa.

MENSAGEM
A cena da apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém apresenta uma catequese bem amadurecida e bem reflectida, que procura dizer quem é Jesus e qual a sua missão no mundo.

Antes de mais, o autor sublinha repetidamente a fidelidade da família de Jesus à Lei do Senhor (vers. 22.23.24), como se quisesse deixar claro que Jesus, desde o início da sua caminhada entre os homens, viveu na escrupulosa fidelidade aos mandamentos e aos projectos do Pai. A missão de Jesus no mundo passa por aí – pelo cumprimento rigoroso da vontade e do projecto do Pai.

No Templo, duas personagens acolhem Jesus: Simeão e Ana. Eles representam esse Israel fiel que espera ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo.

De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel” (vers. 25). As palavras e os gestos de Simeão são particularmente sugestivos… Simeão toma Jesus nos braços e apresenta-O ao mundo, definindo-O como “a salvação” que Deus que oferecer “a todos os povos”, “luz para se revelar às nações e glória de Israel” (vers. 28-32). Jesus é, assim, reconhecido pelo Israel fiel como esse Messias libertador e salvador, a quem Deus enviou – não só ao seu povo, mas a todos os povos da terra. Aqui desponta um tema muito querido a Lucas: o da universalidade da salvação de Deus… Deus não tem já um Povo eleito, mas a sua salvação é para todos os povos, independentemente da sua raça, da sua cultura, das suas fronteiras, dos seus esquemas religiosos. As palavras que Simeão dirige a Maria (“este menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; e uma espada trespassará a tua alma” – vers. 34-35) aludem, provavelmente, à divisão que a proposta de Jesus provocará em Israel e ao resultado dessa divisão – o drama da cruz.

Ana é também uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”), que se manteve fiel a Jahwéh (não se voltou a casar, após a morte do marido – vers. 37), que espera a salvação de Deus. Depois de reconhecer em Jesus a salvação anunciada por Deus, ela “falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (vers. 38). A palavra utilizada por Lucas para falar de libertação é a palavra grega “lustrosis” (“resgate”), utilizada no Êxodo para falar da libertação da escravidão do Egipto (cf. Ex 13,13-15; 34,20; Nm 18,15-16). Jesus é, assim, apresentado por Lucas como o Messias libertador, que vai conduzir o seu Povo do domínio da escravidão para o domínio da liberdade. A apresentação no Templo de um primogénito celebrava precisamente a libertação do Egipto e a passagem da escravidão para a liberdade (cf. Ex 13, 11-16).

O texto termina com uma referência ao resto da infância de Jesus e ao crescimento do menino em “sabedoria” e “graça”. Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade (vers. 40).

Em conclusão: Jesus é o Deus que vem ao encontro dos homens com uma missão que lhe foi confiada pelo Pai. O objectivo de Jesus é cumprir integralmente o projecto do Pai… E esse projecto passa por levar os homens da escravidão para a liberdade e em apresentar a proposta de salvação de Deus a todos os povos da terra, mesmo àqueles que não pertencem tradicionalmente à comunidade do Povo de Deus.


(In, www.dehonianos.org)

domingo, 24 de dezembro de 2017

«Hoje nasceu o nosso Salvador, Jesus Cristo, Senhor!»


Natal do Senhor – Missa da Meia-noite – Ano B
25 Dezembro 2017




Tema
A liturgia desta noite fala-nos de um Deus que ama os homens; por isso, não os deixa perdidos e abandonados a percorrer caminhos de sofrimento e de morte, mas envia “um menino” para lhes apresentar uma proposta de vida e de liberdade. Esse menino será “a luz” para o povo que andava nas trevas.
O Evangelho apresenta a realização da promessa profética: Jesus, o “menino de Belém”, é o Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer – sobretudo aos pobres e marginalizados – a salvação. A proposta que Ele traz não será uma proposta que Deus quer impor pela força; mas será uma proposta que Deus oferece ao homem com ternura e amor.

Aleluia. Aleluia.
Anuncio-vos uma grande alegria:
Hoje nasceu o nosso Salvador, Jesus Cristo, Senhor.

EVANGELHO – Lc 2,1-14

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto,
para ser recenseada toda a terra.
Este primeiro recenseamento efectuou-se
quando Quirino era governador da Síria.
Todos se foram recensear, cada um à sua cidade.
José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré,
à Judeia, à cidade de David, chamada Belém,
por ser da casa e da descendência de David,
a fim de se recensear com Maria, sua esposa,
que estava para ser mãe.
Enquanto ali se encontravam,
chegou o dia de ela dar à luz
e teve o seu Filho primogénito.
Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos
e guardavam de noite os rebanhos.
O Anjo do Senhor aproximou-se deles
e a glória do Senhor cercou-os de luz;
e eles tiveram grande medo.
Disse-lhes o Anjo: «Não temais,
porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo:
nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador,
que é Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal:
encontrareis um Menino recém-nascido,
envolto em panos e deitado numa manjedoura».
Imediatamente juntou-se ao Anjo
uma multidão do exército celeste,
que louvava a Deus, dizendo:
«Glória a Deus nas alturas
e paz na terra aos homens por Ele amados».


AMBIENTE
Lucas é o evangelista mais preocupado com as referências históricas… O seu Evangelho está cheio de indicações que procuram situar com precisão os acontecimentos… No que diz respeito ao nascimento de Jesus, Lucas apresenta também algumas indicações que pretendem situar o acontecimento numa época e num espaço concreto… Dessa forma, Lucas dá a entender que não estamos diante de um facto lendário, mas de algo perfeitamente integrado na vida e na história dos homens.

Há, no entanto, um problema… Lucas é um cristão de origem grega, que não conhece a Palestina e que tem noções muito básicas da história do Povo de Deus… Por isso, as suas indicações históricas e geográficas são, com alguma frequência, imprecisas e inexactas. Pode ser o caso das indicações fornecidas a propósito do nosso texto, já que não é muito fácil explicá-las.

É duvidoso que Quirino, como governador, tenha ordenado um recenseamento na época em que Jesus nasceu (só por volta do ano 6 d.C. é que ele se tornou governador da Síria, embora possa ter sido “legado” romano na Síria entre 12 e 8 a.C.… Pode, realmente, nessa altura, ter ordenado um recenseamento que teve efeitos práticos na Palestina por volta de 6/7 a.C., altura do nascimento de Jesus).

De qualquer forma, convém ter em conta que Lucas não está a escrever história, mas a fazer teologia e a apresentar uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.

MENSAGEM
A primeira indicação importante vem da referência a Belém como o lugar do nascimento de Jesus… É uma indicação mais teológica do que geográfica: o objectivo do autor é sugerir que este Jesus é o Messias, da descendência de David (a família de David era natural de Belém), anunciado pelos profetas (cf. Miq 5,1). Fica, desta forma, claro que o nascimento de Jesus se integra no plano de salvação que Deus tem para os homens – plano que os profetas anunciaram e cuja realização o Povo de Deus aguardava ansiosamente.

Uma segunda indicação importante resulta do “quadro” do nascimento. Lucas descreve com algum pormenor a pobreza e a simplicidade que rodeiam a vinda ao mundo do libertador dos homens: a falta de lugar na hospedaria, a manjedoura dos animais a fazer de berço, os panos improvisados que envolvem o bebé, a visita dos pastores… É na pobreza, na simplicidade, na fragilidade, que Deus se manifesta aos homens e lhes oferece a salvação. Os esquemas de Deus não se impõem pela força das armas, pelo poder do dinheiro ou pela eficácia de uma boa campanha publicitária; mas Deus escolhe vir ao encontro dos homens na simplicidade, na fraqueza, na ternura de um menino nascido no meio de animais, na absoluta pobreza. É assim que Deus entra na nossa história… É assim a lógica de Deus.

Uma terceira indicação é dada pela referência às “testemunhas” do nascimento: os pastores. Trata-se de gente considerada rude, violenta, marginal, que invadiam com os rebanhos as propriedades alheias e que tinham fama de se apropriar da lã, do leite e das crias do rebanho em benefício próprio. Eram, com frequência, colocados ao lado dos publicanos e dos cobradores de impostos pela rígida moral dos fariseus: uns e outros eram pecadores públicos, incapazes de reparar o mal que tinham feito, tantas eram as pessoas a quem tinham prejudicado.

Ora, Lucas coloca, precisamente, esses marginais como as “testemunhas” que acolhem Jesus. O evangelista sugere, desta forma, que é para estes pecadores e marginalizados que Jesus vem; por isso, a chegada de um tal “salvador” é uma “boa notícia”: a partir de agora, os pobres, os débeis, os marginalizados, os pecadores, são convidados a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. Eles vêm ao encontro dessa salvação que Deus lhes oferece, em Jesus, e são convidados a integrar a comunidade da nova aliança, a comunidade do “Reino”.

Uma quarta indicação aparece nos títulos dados a Jesus pelos anjos que anunciam o nascimento: Ele é “o salvador, Cristo Senhor”. O título “salvador” era usado, na época de Lucas, para designar o imperador ou os deuses pagãos; Lucas, ao chamar Jesus desta forma, apresenta-O como a única alternativa possível a todos os absolutos que o homem cria… O título “Cristo” equivale a “Messias”: aplicava-se, no judaísmo palestinense do séc. I, a um rei, da descendência de David, que viria restaurar o reino ideal de justiça e de paz da época davídica; dessa forma, Lucas sugere que o “menino de Belém” é esse rei esperado. O título “Senhor” expressa o carácter transcendente da pessoa de Jesus e o seu domínio sobre a humanidade. Com estes três títulos, a catequese lucana apresenta Jesus aos homens e define o seu papel e a sua missão.


(in, www.dehonianos.org)